Ignorância e antirracionalismo


Complementando o post anterior, sobre a influência da Internet na cultura, na mesma edição o Estadão publicou um interessante artigo da Susan Jacob sobre um movimento crescente que busca justificar racionalmente a ignorância, com orgulho de ser ignorante.

(…) o problema não é a falta de conhecimento em sí, mas a arrogância em relação a essa falta de conhecimento. A questão não é apenas as coisas que não sabemos (considere o fato de que um em cada cinco americanos adultos pensa que o Sol gira entorno da Terra, segundo a National Science Foundation) – mas o alarmante número de americanos que, presunçosamente, concluem que não precisam saber tais coisas em primeiro lugar. Chame isso de antirracionalismo, uma síndrome particularmente perigosa para nossas instituições e intercâmbio de idéias. Não saber uma língua estrangeira nem a localização de um país importante é uma manifestação de ignorância; negar que tal conhecimento importa é puro antirracionalismo.(1)

A ignorância é lamentável, mas é um direito da pessoa. A partir do momento em que se constitui um movimento para se legitimar a ignorância e principalmente para atacar os que lutam para obter o conhecimento devemos ficar preocupados.

Atualmente muitos se orgulham de não saber, fato que antes era escondido. Orgulho maior podemos perceber ao ouvir as pessoas informarem que não leram nenhum livro, nem revista ou jornal. Observamos que o senso comum compele as pessoas a não saberem, de forma a facilitar sua passividade, insensibilidade frente ao mundo.

Estamos nos encaminhando para a Matrix, para viver em um mundo lúdico. Viver? Será que isso é viver?

Ao menos seremos todos iguais.

Saiba +:

(1) JACOB, Susan. Como emburrecer americanos, O Estado de S. Paulo, 02/03/2008, caderno Aliás, página J5.