Loucos são os outros


Foto: Drowning in waves of Plaster of Paris (Yabby/flickr) CC BY 2.0

Antes da internet era difícil divulgar nossas opiniões, a maioria dos criadores de conteúdo estavam restritos às seções de leitores ou custear a impressão de fanzines. O conteúdo disponível para o consumo de massa estava sob controle de algumas pessoas ou empresas.

O advento da Internet mudou radicalmente este cenário, agora todos poderiam gerar e consumir conteúdo livremente.

Alguns anos depois estávamos afogados em informação. Notícias repetidas, conteúdo sem relevância (para não usar termo mais forte), ficou difícil garimpar conteúdo de qualidade. Começamos a sentir saudade do tempo que alguém filtrava as notícias para nós e apresentava de forma lógica.

Filtro? Para evitar perder usuários, mecanismos de busca, portais, redes sociais e veículos de impressa criaram algoritmos para selecionar o conteúdo exibido para o usuário, empregando os mais diversos critérios. Esses filtros geraram bolhas de pessoas com interesses comuns, um palco para pessoas com discursos por vezes perigosos.

Perigo? O maior perigo nem está na reunião de interesses comuns, mas sim, no filtro de opiniões divergentes. Nada melhor do que falar num ambiente em que todos concordam com você e nada mais alienante do que somente ver o que lhe interessa.

O Pedro Dória cunhou uma frase que sintetiza a comunicação contemporânea: “evidente que loucos são os outros. Só sobramos nós de sensatos“.

Saiba +

  1. O Globo: Trump e a pós-verdade (Pedro Dória)
  2. Estadão:Facebook é imprensa? (Pedro Dória)