Em um seminário sobre a despoluição do Rio Juquery em 2003, conheci um projeto para a recuperação de uma estrada de ferro tombada, a E.F.P.P, Estrada de Ferro Perus Pirapora. A Ferrovia deveria chegar até Pirapora, mas sua construção foi apenas até Cajamar.
Na palestra sobre o projeto, o Edson da Cunha Almeida, presidente do IFPPC, resumiu a história da ferrovia:
Essa ferrovia operou entre 1914 e 1983. Chegou a transportar passageiros entre os dois municípios e a transportar minérios para a fabricação de cimento. Grande parte das construções que foram feitas nos municípios de São Paulo e vizinhos usaram o cimento produzido na fábrica de cimento no bairro de Perus. Em 1926, foi iniciada a Cimento Portland Perus e, com o fechamento da fábrica por problemas que ocorreram na época, a ferrovia foi desativada e, na seqüência, houve um tombamento pelo CONDEPHAAT desse patrimônio histórico que era a ferrovia (era toda tocada com locomotivas a vapor, do século 19). Em 1993, houve um início de regulamentação desse tombamento e só em 1995 o CONDEPHAAT aprovou o projeto de pró-revitalização. Como vocês podem ver, de 1987, quando foi feito o tombamento, na realidade esse projeto só pôde ser iniciado no ano de 2000 (2).
O IFPPC é o Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio Cultural, entidade que conseguiu autorização para revitalizar a Ferrovia e restaurar locomotivas, vagões, estações e outros materiais. O projeto também pretende auxiliar na vigilância, limpeza e preservação do Rio Juquery.
Uma das características que tornam única a E.F.P.P é a bitola de 0,60m e o fato de operar comercialmente até 1983, visto que desde a década de 50 as ferrovias dessa bitola foram desativadas e seus equipamentos encaminhados para a Perus Pirapora, criando um dos maiores acervos desses trens do mundo.
Vale a pena visitar pelo menos o site da E.F.P.P, que retrata o esforço dos voluntários e a evolução do projeto de recuperação. Em 1976 filmaram a Ferrovia em plena operação:
A filmagem foi em Super 8, meu pai tinha um projetor Super 8, mas isso é outra história…
Ainda há muito o que recuperar, tanto nos materiais quanto na linha, conforme podemos observar no mapa da Ferrovia original, cerca de 50% do percurso ainda está em recuperação: