O Brasil atua com destaque no desenvolvimento de software, mas no hardware estamos limitados à montagem de equipamentos. No contexto da globalização não há nada de errado nisso, pois cada país desenvolve suas especialidades.
Pensando estratégicamente, é importante o Brasil dominar o processo e a fabricação de semicondutores, pois a importância desses componentes miniaturizados será cada vez maior.
Do que adianta desenvolver software se podemos ficar privados do hardware em virtude de problemas de relações internacionais? O hardware é tão importante quanto o software. Após a abertura econômica promovida pelo Collor no início da década de noventa, não foi investido (nem incentivado) na produção de semicondutores:
“É uma vergonha não termos uma fábrica de semicondutores, mas perdemos o momento”, afirma Julio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). “É uma iniciativa que colocaria o Brasil no centro de uma indústria de ponta, que estamos de fora”, completa.(1)
Nesses quase 20 anos a evolução dos semicondutores levou à um sistema de produção complexo:
Fabricar um semicondutor exige três grandes passos, explica Brandão, da AMD. O primeiro é obter e dar forma ao silício cristalino, principal matéria prima dos chips. O segundo é, em cima do silício, construir os processadores. Esta é a etapa mais importante e complexa. Por último, vem a parte de encapsulamento e conexões elétricas.
O processo é extremamente complicado por conta da miniaturização dos componentes necessários. “Qualquer grão de areia ganha a dimensão de uma enorme rocha”, explica o gerente da AMD. Por esse motivo, uma fábrica de chips precisa de um ambiente especial. Em alguns casos, o processo de corte do silício é feito dentro d’água, que, necessariamente, precisa ser extremamente limpa.(1)
Assim, nãopara implementar a fábrica, é necessário profissionais especializados, fornecedores preparados para produzir insumos e equipamentos que atendam as exigências desse sistema e volume de produção para compesar o investimento.
No início deste semestre foi dado status de empresa pública ao Cietec (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada) localizado em Porto Alegre. A princípio serão produzidos chips CMOS para diversas aplicações. A demanda de insumos dessa fábrica deve gerar uma cadeia de fornecimento que deve atrair fabricantes privadas de semicondutores ao Brasil.
Será possível retomar o tempo perdido? Creio que sim.
Saiba +
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photo credit: rodrigo senna