Desempenho dos cursos no Exame de Ordem 2010.3


Hoje será realizado o Exame de Ordem 2011.1, poucos dias após a divulgação do desempenho das instituições no Exame anterior, o 2010.3: apenas 9,74% dos inscritos foram aprovados e a OAB atribui a baixa aprovação à falta de qualidade do ensino do direito no Brasil.

A pequena aprovação é responsabilidade da própria OAB, das instituições de ensino e dos examinandos, todos tem sua parcela de culpa.

Algumas instituições alegam que se uma prova reprova 90% dos alunos, o problema está na prova e não no aluno. Não podemos negar que o Exame de Ordem está cada vez mais difícil, a própria OAB reconheceu esse fato indiretamente ao reduzir a quantidade de questões da primeira fase, entre outras alterações [3].

As instituições tem sua parcela de culta ao aprovar alunos que não possuem conhecimento suficiente para atuar no mercado, processo que passa pela remuneração e qualificação dos professores, métodos de avaliação e principalmente pela quantidade de alunos na sala de aula, que frequentemente supera 100 alunos por sala [4].

O tempo que o aluno dispõe para se dedicar ao estudo é um dos fatores que mais influenciam nos resultados, alunos que conciliam trabalho, família e estudo tendem a ter um pior desempenho dos alunos que possuem mais tempo para estudar, especialmente nos primeiros anos do curso.

Propostas

Apontar os problemas é fácil, o que deve ser feito para melhorar?

Os dois primeiros anos de curso são fundamentais para a boa formação do aluno. O primeiro passo é a instituição promover cursos complementares para nivelar o nível dos estudantes, matérias como língua portuguesa, raciocínio lógico, etc. devem ser oferecidas fora do currículo normal do curso.

Os alunos devem ser incentivados a frequentar o reforço e a instituição não deve ser complacente com os que não atingirem o nível mínimo de conhecimento para se aprofundar nos estudos. As instituições devem se responsabilizar pelos profissionais que coloca no mercado.

A estrutura dos cursos deve ser modificada para permitir que o aluno curse quantas matérias desejar em cada semestre. Em vez de superlotar as salas e sobrecarregar os alunos, as instituições deveriam permitir que os alunos escolhessem quais matérias querem estudar no semestre. Alguns alunos concluiriam o curso em 2 ou 3 anos e outros em 10 anos.

Selo OAB

A OAB vai criar um selo de qualidade para as instituições que possuem nível satisfatório na combinação do desempenho dos alunos no Enade e nos resultados do Exame de Ordem.

O G1 [2] fez um comparativo entre o desempenho no Enade e no Exame da OAB, podemos observar que as faculdades com melhor desempenho no Exame de Ordem tem notas altas no Enade, porém, entre as instutições com pior desempenho no Exame de Ordem podemos encontrar boas avaliações no Enade.

Isso demonstra que nem o Enade, nem o Exame da Ordem sozinhos são suficientes para indicar a qualidade de ensino das instituições, mas a junção deles é um índice mais adequado, pelo menos enquanto não se encontra um método melhor.

Observações sobre o resultado do Exame de Ordem

Devemos analisar o desempenho no Exame de Ordem pelo percentual de aprovação de cada instituição e não no número absoluto de alunos aprovados, pois algumas instituições que formam milhares de alunos anualmente costumam fazer propaganda por aprovarem centenas de estudantes, esquecendo-se dos centenas que não foram aprovados.

Há um fator que pesa no Exame de Ordem e que é pouco comentado nas análises de resultados: a presença de estudantes que foram reprovados diversas vezes. O Ranking deveria considerar a data de formatura dos alunos, por exemplo, só considerando o desempenho dos alunos que cursam o último ano ou que se formaram em até 1 ano.

O professor Pierluigi Piazzi em comentou no Plug Eldorado (salvo engano, foi em um programa em ago/2010) a respeito de estratégias que escolas poderiam utilizar para melhorar artificialmente seu desempenho no Enem (estratégias que podem ser utilizadas em outros exames, como o Exame de Ordem ou o Enade):

  • incentivar os melhores alunos a prestar e os piores a não prestar;
  • ex alunos que estão na faculdade prestam a prova, inflando o desempenho da escola;
  • empresas inscrevem os alunos da escola, todos recebem a carta com o desemepenho, mas somente as notas dos melhores alunos é computada (50 prestam, na estatística aparecem 10). Suspeita-se que alguns alunos da escola A sejam inscritos como alunos da escola B;

Constitucionalidade do Exame de Ordem

O STF já reconheceu a repercussão geral de um recurso que questiona a constitucionalidade do Exame de Ordem, o julgamento deve ocorrer ainda este ano, segundo esta reportagem da TV Justiça:

Referência

  1. Conselho Federal da OAB: OAB divulgará Selo OAB de qualidade de faculdades do país até o fim do ano;
  2. G1: Veja como melhores e piores do exame da OAB se saíram no Enade;
  3. Passe na OAB! Novo Provimento 144 do Exame da OAB Comentado;
  4. Estadão: Para reduzir mensalidade, faculdades superlotam classes e laboratórios;
  5. Foto: Photl.com
  6. Passe na OAB! STF julga o Exame de Ordem ainda este ano!