Vendemos os satélites, e agora? 1


antenas

As recentes notícias que os EUA monitoram as comunicações dos brasileiros, incluindo o Governo e empresas estratégicas, como a Petrobrás, mostraram a fragilidade dos sistemas de comunicação utilizados no Brasil.

O problema é tão complexo quanto as alternativas para dificultar esse monitoramento. Vejamos:

O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a utilizar telefones, porém não conseguiu expandir o sistema na velocidade necessária, apesar de ser líder em tecnologia de telecomunicações até o início da popularização dos computadores na década de 1970.

Com tecnologia ultrapassada e sistema deficiente, a única alternativa para a universalização das comunicações foi transferir o sistema para a iniciativa privada. É inegável a evolução e a democratização do acesso ao telefone e internet que presenciamos nos últimos 15 anos.

Infelizmente erramos a mão no tamanho da privatização. Em vez de privatizar somente as comunicações privadas, o governo incluiu a Embratel, a empresa que gerenciava todos os satélites de comunicação brasileiros. Com a venda da Embratel, o Governo perdeu o controle dos satélites nos quais trafegam todas as comunicações nacionais.

Com isso, ficamos duplamente dependentes de países estrangeiros: nossas comunicações passam por empresas não nacionais e por equipamentos também produzidos no exterior.

Revelada a captura de informações estratégicas, o Governo começa a esboçar uma reação, com o lançamento de um novo satélite, que será administrado pela Agência Espacial Brasileira (AEB).

Essa iniciativa é louvável, mas sofre com a falta de tecnologia nacional. Teremos que utilizar componentes de outros países, impedindo a autonomia brasileira.

Essa dificuldade tecnológica me lembra o SIVAM, sistema inovador mas totalmente dependente de tecnologia desenvolvida nos EUA. Que segurança temos que as informações não são copiadas ou acessadas automaticamente por agências de inteligência dos EUA?

Os Correios também oferecerão produtos nacionais para dificultar o monitoramento, a começar por um sistema de e-mails. Lá por 2002 os Correios chegaram a oferecer contas gratuitas de e-mail, serviço que foi posteriormente descontinuado.

Referência

  1. Foto: Gonnhilly Downs Satellite Communications Station (Ian Britton / FreeFoto) – CC BY-NC-ND 3.0
  2. Estadão: Governo apressa projeto de satélite antiespionagem
  3. Terra: Serpro: serviço de e-mail dos Correios deve estar pronto até fim do ano