Os limites da criptografia


A Revista Info entrevistou Jacques Stern, que dirige o Laboratório de Ciência da Computação da École Normale Supérieure de Paris, um centro de excelência em criptografia.

A entrevista traz informações interessantes desde a criação da criptografia até o futuro, mas infelizmente a Revista Info não disponibiliza o conteúdo das revistas on-line.

A criptografia é a base dos certificados digitais, dos ambientes seguros na Internet (ssl – https), etc. Os algoritmos de criptografia são públicos, estão entre os primeiros códigos open source. Jacques Stern explica sobre o surgimento da criptografia com chaves públicas e privadas:

Fui atraído por um paradoxo: como dois parceiros podem trocar informações cifradas sem antes se comunicarem para compartilhar a chave secreta – um passo que poderia ser interceptado por uma terceira pessoa. Na criptografia, a chave é a informação sobre como codificar ou decodificar a mensagem.

Até 1976, os criptógrafos diziam que era impossível resolvê-lo. Foi então que os americanos whitfield Diffie e Martin Hellman propuseram a criptografia de chave pública. Nela, cada usuário tem duas chaves: uma pública e urna secreta. A chave pública é usada para cifrar a informação, e, a chave privada, para decifrá-la. A força desse sistema está no fato de que, enquanto a chave pública pode ser obtida partindo da chave privada – por meio de uma função matemática -, o inverso não é verdadeiro. Então, pode-se transmitir a chave pública por meio de um canal inseguro sem se preocupar com a possibilidade de um bisbilhoteiro decifrar a mensagem. Esse sistema protege a maior parte do comércio eletrônico (1).

A segurança das chaves criptográficas cresce conforme maior é o tamanho das chaves. De acordo com Jacques Stern, atualmente a chave para ser segura precisa ter no minimo 200 dígitos. Já pensou escrever esse número?

O crescimento do poder computacional dos computadores força chaves cada vez maiores, e pode levar à quebra do algorítimo criptográfico. A solução pode estar na adoção de outros algorítimos ou mesmo outros sistemas de criptografia, como a criptografia quantica, opção sugerida por Jacques Stern:

Os criptógrafos garantem que um sistema pode resistir a uma certa quantidade de poder computacional sem ser quebrado.

A criptografia quântica usa as leis da física para gerar a chave, de modo que a garantia oferecida por ela não depende do poder computacional. Nesse sentido, ela é superior aos métodos atuais, mas também custa mais. Isso é um problema porque a criptografia de uso geral custa praticamente nada, já que ela é baseada em computadores que existem para outras finalidades(1).

Saiba +

  • SPINNEY, Laura. Os limites da criptografia. Revista Info, outubro de 2008, pág. 82